quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Mensagem de celular foi o "estopim" para tragédia de Choró


Uma mensagem de celular foi o "estopim" para que o comerciante Francisco Roberto de Oliveira, 46, matasse a técnica de enfermagem Elizangela Gomes Lemos, 35, com quem era casado há pelo menos 10 anos e escondesse o corpo dela em um refrigerador. A mesma mensagem teria sido o principal motivo para que ele viajasse mais de 150 quilômetros até o município de Choró, onde fez de refém e matou vice-prefeito Sidney Cavalcante Sousa, 42. A informação é do delegado Leonardo Barreto, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Conforme Barreto, depoimentos relatados à Polícia Civil confirmaram que há pelo menos duas semanas Roberto encontrou mensagens do celular de Elizangela para o político. "Através de depoimentos colhidos tivemos acesso a informação de que ele encontrou algumas mensagens no celular da Maria Elisangela, que denotavam a existência de um relacionamento extraconjugal. Isso há duas semanas, isso foi compartilhado com pessoas próximas do casal e depois ele começou a premeditar essa situação que aconteceu tanto no fim de semana e ontem (24)", explicou.

Carta e foto rasurada em Fortaleza
Segundo o delegado, ao receber o endereço do condomínio José Bastos, na Avenida Augusto dos Anjos, a equipe da Divisão de Homicídios se deparou com o corpo da mulher em um dos refrigeradores. Roberto trabalhava com venda de queijos e os freezers serviam para armazenar o material que comercializava. A equipe demorou quase duas horas para retirar o corpo congelado.

"Encontramos no apartamento do casal, o corpo da Maria Elizângela, sem lesões aparentes de violência externa, mas dentro de um freezer, localizado na cozinha do apartamento. O corpo foi, com muita dificuldade, retirado do local, e encaminhado a exames mais aprofundados na Pefoce, por meio do exame cadavérico", comentou o delegado.

No apto, o delegado disse que não existiam sinais de arrombamento e a porta estava apenas encostada. A Polícia não teve dificuldade para entrar no apartamento e nem encontrou vestígios de luta corporal ou de sangue.

No entanto, o que chamou atenção da equipe da Divisão de Homicídios foi uma foto do casal rasurada. " O que nos chamou atenção foi a foto do casal, em que Francisco Roberto e Maria Elizangela estavam um ao lado do outro e no lugar do rosto de Roberto existia uma mancha branca, apagada", citou.

A carta deixada em cima da mesa na sala era um pedido de desculpas. "O qui (SIC) eu mais amava na vida era a minha famílha (SIC). Gabriel e Vernanda e a minha esposa. E ela fazer isso comigo, mim (SIC) traindo, mim (SIC) desculpe meu sogro mil desculpa (SIC)", escreveu Roberto.

Segundo o delegado Leonardo Barreto, os filhos do casal foram deixados na casa de familiares no domingo, 22, em Fortaleza.
"Ele deixou com os familiares dela (Elizangela) avisando e que precisaria viajar para Jaguaretama e não teria com quem deixar os meninos, pois ela ia trabalhar. Não sabemos se ele matou Elizangela na presença dos filhos", explicou. Casamento

O delegado explicou Elizangela e Roberto se conheceram em Jaguaruana, terra natal do casal, que teve dois filhos. A mulher teria estagiado ou trabalhado, não se sabe ao certo, em Choró, onde poderia ter conhecido o vice-prefeito Sidney Cavalcante.


No perfil da rede social Facebook de Elizangela, uma imagem com uma frase sobre amor foi publicada no dia 20 de outubro, com os seguintes dizeres: “Amor que deixa triste não é amor, é sofrimento. Quem não te faz sorrir não te faz bem. Saudade não é prazer. A espera é tédio e a insistência humilha", publicou.

As mensagens de amigos lamentavam a morte das vítimas. O corpo do vice-prefeito foi velado por familiares na residência do pai dele, Francisco Francimar. Em seguida foi levado ao ginásio poliesportivo da cidade, onde o velório seguiu acompanhado por moradores do município. Conforme moradores de Choró, hoje (25), parte dos comércios fecharam as portas ainda em clima de luto pela tragédia.

Comércios fecham em Choró

Conforme o radialista Marcolino Borges, o corpo do vice-prefeito foi liberado na madrugada da última terça-feira, 24. onde permaneceu na casa dos pais, na zona rural de Choró. Ás 11 horas desta quarta-feira, 25, foi para o ginásio poliesportivo no Centro da cidade e em seguida para a igreja matriz de São Sebastião, onde houve a missa de corpo presente.

O sepultamento aconteceu por volta das 17 horas. Parte do comércio local funcionou pela manhã, mas fechou as portas durante o velório em clima de luto. O radialista comentou que o vice era casado, pai de dois filhos adolescentes e que uma das informações era de que começaria um processo de separação.

"Ele não era de se expor, era uma pessoa reservada, no histórico de vida dele nunca teve isso e foi o que deixou a cidade consternada. Ele foi assessor de parlamentares e secretário de saúde no começo da administração, em 2013 até meados de 2014", relatou.

Flagrante

Apesar de estar internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), em estado grave, o delegado Leonardo Barreto relatou que foi realizado o flagrante de Roberto assim que a DHHP constatou os dois homicídios. "Ele está flagranteado por homicídio qualificado mediante dissimulação e impossibilidade de defesa. Da esposa o homicídio simples e por ocultação de cadáver", relatou.

Ainda não há informações sobre a liberação do corpo da técnica de enfermagem, que trabalhava em um hospital particular da Capital. Entre os pertences encontrados com Roberto no local do crime de Choró, a Polícia também encontrou um alvará de liberdade provisória por porte ilegal de arma de fogo.

O caso

Na última terça-feira (25), a Polícia Civil de Quixadá e o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), do Batalhão de Choque (BPChoque) foram acionados para uma situação em que um homem identificado como “Júnior” mantinha o vice-prefeito de Choró e mais três pessoas reféns no gabinete da Prefeitura. Após três horas de negociação, o suspeito fingiu que iria se render e atirou contra a própria cabeça.

Roberto segue internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), Centro, em estado grave. Existia apenas o vice-prefeito Sidney e Roberto dentro da sala. Outro detalhe é que o homicida também fingiu estar no ambiente de trabalho do prefeito para falar sobre política, criticando o modelo do Partido dos Trabalhadores (PT), em que a vítima era filiada. Somente após as negociações ele relatou a suposta traição.

O POVO Online

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